O Hospital da Criança e Maternidade (HCM) realizou no dia 19 de agosto, o I Fórum de Combate aos Maus Tratos na Infância e Adolescência. O evento foi idealizado após a instituição constatar um aumento expressivo nos atendimentos às vítimas de maus tratos. Diversos temas foram abordados e a ação contou com a participação de profissionais da saúde, autoridades judiciais e organizações.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2021, foram registrados 20 mil casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes em todo país. Este número representa um aumento de 21% em relação a 2020. Situação semelhante também foi constatada nos atendimentos do HCM. Enquanto em 2018, foram registrados 71 casos de violência, no ano passado dobrou, foram 142 atendimentos.
“O intuito do fórum foi discutir sobre a violência e os maus tratos na infância e adolescência. Percebemos um aumento expressivo nos casos de abusos físicos e sexuais nos últimos quatros anos. Esta é uma situação que nos preocupa muito, daí o motivo da idealização deste fórum, pois são temas que precisam ser debatidos e jamais negligenciados”, explica a diretora técnica do HCM, Dra. Fernanda Del C. B. Braojos.
O diretor administrativo, Dr. Antônio Soares Souza também destacou a importância da realização do Fórum. “É a oportunidade de podermos discutir tópicos muito relevantes de maneira multidisciplinar, com vários profissionais da saúde, com o poder público e muitos outros profissionais de vários campos. A violência à criança é um problema de saúde pública que tem um alto custo social, emocional e financeiro para nossa comunidade e nosso país”, afirmou.
Um ponto levantado pelo diretor executivo da Funfarme, Dr. Jorge Fares, foram as subnotificações. “Dados estatísticos apontam um aumento expressivo da violência contra crianças e adolescentes. Mas estes números podem ser ainda maiores, pois muitas vezes, a vítima não tem oportunidade de denunciar. Sabemos que há uma subnotificação dos casos de maus-tratos. E ações como esta realizada pelo HCM é de extrema importância para sensibilizar a população” disse.
Em muitas situações, a criança e o adolescente não são vítimas de violência física, mas sexual. A diretora do Departamento Médico Legal de Porto Alegre, Angelita Machado Rios, destacou a importância da rede de acolhimento a estas vítimas. "Quando uma criança ou adolescente relata esta situação, temos que iniciar uma rede proteção em torno da vítima. E, ao mesmo tempo, construir uma denúncia contra o agressor", disse.
O juiz da Infância e Juventude de Rio Preto, Evandro Pelarin, disse que busca juridicamente transformar o HCM em um Centro de Atendimento Integrado. “O Hospital da Criança e Maternidade no nosso olhar, tem a melhor capacitação, melhores condições materiais para receber nosso centro integrado. Por isso, vamos referenciar o HCM para ampliar este atendimento e acolhimento das vítimas”, afirmou.
