Procedimento inovador para tratamento de endométrio
O Hospital de Base (HB) de Rio Preto realizou, na última sexta-feira (17), a primeira cirurgia robótica da área ginecológica em paciente do Sistema Único de Saúde (SUS). O ginecologista oncológico Dr. Guilherme Accorsi, do HB Onco, utilizou o aparelho Da Vinci Xi, que é a última e mais moderna versão desta plataforma robótica, para fazer a retirada de um câncer de endométrio em uma paciente. Ângela Carolina Rios Tufaile, de 46 anos, é moradora de Bady Bassit e descobriu a doença em setembro deste ano.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), cerca de 95% das neoplasias malignas do corpo do útero se originam no endométrio (revestimento interno do órgão). Dr. Guilherme Accorsi explica que os tumores surgem quando as células do endométrio crescem descontroladamente. “A American Cancer Society, nos Estados Unidos, aponta o câncer de endométrio como o tumor maligno mais comum nos órgãos reprodutivos femininos”, observa o especialista.
Geralmente, a doença afeta mulheres na fase pós-menopausa com mais de 60 anos de idade, sendo incomum naquelas com menos de 45 anos. De acordo com o Dr. Guilherme Accorsi, o caso clínico de Ângela Carolina Rios Tufaile foi fator decisivo utilizado como critério para a escolha da cirurgia pelo SUS.
Dentre as vantagens da cirurgia robótica em casos de câncer do endométrio, o médico destaca a redução da perda de sangue do paciente, redução de dor e de tempo de internação, o que diminui o risco de infecção. “Devido à maior amplitude de movimento por parte do cirurgião, a atuação é mais precisa e menos invasiva. Consequentemente há menor trauma cirúrgico, apesar de ter amplo acesso a diversas estruturas do corpo”, explica.
“Mas a grande vantagem é com relação à retirada dos linfonodos sentinelas, que são os primeiros linfonodos que podem receber as células cancerígenas de um tumor”, destaca. Os linfonodos são pequenos órgãos presentes em diversos lugares do corpo humano que fazem parte do sistema linfático e atuam na defesa do organismo. O especialista explica que é a análise dos linfonodos que determina a necessidade ou não de tratamento terapêutico complementar e/ou adjuvante, como quimioterapia ou radioterapia. Outra importante vantagem é a redução do tempo de recuperação do paciente pós-cirurgia.
Câncer do endométrio
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), a incidência do carcinoma endometrial vem aumentando nas últimas décadas. E um dos principais motivos é o aumento da expectativa de vida da população feminina.
Dr. Guilherme Accorsi explica que a visita médica periódica ao ginecologista é a melhor maneira de identificar o câncer endometrial precocemente, especialmente porque não existe triagem (testagem precoce) para mulheres assintomáticas. “É importante relatar ao médico a ocorrência de qualquer vazamento vaginal anormal. Essa ainda é a melhor forma de identificar tumores em estágios iniciais, quando ainda são pequenos e estão restritos ao local de origem”, afirma. “Quanto antes a doença for diagnosticada, maiores as chances de cura”, diz.
Sintomas do câncer de endométrio
• Sangramento vaginal anormal ou algum corrimento
• Aumento do fluxo nos ciclos menstruais, sangramento irregular entre os períodos ou, ainda, hemorragia pós-menopausa
• Dor pélvica, com possível presença de uma massa palpável na região
• Alteração no peso: Perda de peso sem causa aparente ou dificuldade de emagrecer
Fatores de risco para a doença
• Alterações nos níveis hormonais (ligadas ao estrogênio)
• Mulheres com menarca precoce
• Mulheres que nunca geraram filhos
• Mulheres que entraram na menopausa tardiamente ou que fizeram terapia de reposição hormonal
• Síndrome do ovário policístico (SOP) e hiperplasia endometrial com atipia (espessamento do endométrio, presente em mulheres que não ovulam todos os meses)
• Sobrepeso e obesidade
• Idade avançada
• Dieta rica em gordura
• Sedentarismo
• Diabetes tipo 2
• Histórico familiar para câncer
Sobre o robô Da Vinci Xi
O Hospital de Base investiu R$ 12 milhões para aquisição do robô Da Vinci Xi, além de outros recursos destinados para melhoria da estrutura tecnológica, estrutura física (área com 1.200m²), processos de treinamento e qualificação de profissionais. O aparelho tem sistema intuitivo, que configura os braços do equipamento para simular os movimentos do cirurgião, imagens mais claras e com alta qualidade, ampliada em até 15 vezes, e em três dimensões, além de tecnologia 3D HD altamente ampliada.
A plataforma robótica também é utilizada em cirurgias urológicas, como tratamento de câncer de próstata, rim e bexiga, e em cirurgias oncológicas do aparelho digestivo, ginecológicas, como histerectomias e miomectomias. O equipamento beneficia pacientes de todo o Brasil, especialmente do interior paulista e Estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.